20 out, 2016

A Seat at the Table: contemporaneidade, revolução e empoderamento

Solange Piaget Knowles, ou só Solange, tem 30 anos, é casada, mãe, cantora, compositora, bailarina, DJ e uma mulher incrível. A marca registrada do poder e da sutileza da voz de Solange Knowles ao abordar assuntos cotidianos para nós, mulheres negras, e polêmicos para a sociedade opressora, se tornou conhecida com o EP True (2012). Aliás, algumas de suas músicas se tornaram rapidamente minhas favoritas. Elas sempre embalam minhas andadinhas por aí ou minhas leituras no trem, especificamente de romances que trazem mulheres que estão em fase de descobrimento de sua personalidade e força.

Seguindo a linha contemporânea de “True”, o tão aguardado terceiro álbum da carreira de Solange, foi lançado no fim do mês passado. A Seat at the Table é um álbum maravilhoso e superou todas as minhas expectativas – e tenho certeza de que você também vai gostar.

Divulgação

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Criação

O processo criativo de A Seat at the Table não foi nada simples. Solange admitiu ter passado seis longos anos produzindo o álbum, na tentativa de conectar referências e trazer mensagens importantes da melhor forma possível. Em uma entrevista para a MTV, em 2009, ela conta que seus esforços emocionais, mentais e financeiros a levaram além de seus limites, fazendo com que ela sofresse inúmeros ataques de pânico.

Desde 2008, mesmo com problemas incessantes, Solange conseguiu conciliar a produção do álbum a outros projetos como o EP “True”, participações em longas e a composição de faixas para sua irmã e as outras garotas do Destiny’s Child. E ela estava decidida: A Seat at the Table só sairia se estivesse perfeito.

Empoderamento feminino

Divulgada em primeira mão num evento da HBO em 2015, a faixa “Rise”, aparentemente simples em letras, foi feita como um protesto aos assassinatos cometidos por policiais em Ferguson e Baltimore, nos Estados Unidos. No mesmo evento, Solange anunciou que tinha escrito 24 músicas para seu terceiro álbum sozinha (apenas usando seu piano), antes mesmo de procurar produtores para a finalização.

O álbum é, de forma clara, um protesto em nome das mulheres negras, mostrando que estamos aqui e somos pessoas como de qualquer outra etnia. Em suas músicas, Solange conta que somos vistas como diferentes, que nossos cabelos são esquisitos, que a cor de nossa pele não é digna de ter a mesma posição social que os brancos, que nós não podemos ter uma carreira como os homens, que os estereótipos estão sempre aqui e também que somos caçadas e punidas como se a era da escravidão não tivesse deixado de existir. As faixas trazem mensagens de empoderamento e libertação, mostrando que não precisamos de bens materiais ou que nossos cabelos e costumes sejam elitizados para nos sentirmos felizes, completas e normais. Solange transforma cada faixa em hino, que nos ajuda a lembrar de onde viemos e onde podemos chegar, mesmo que nos apontem os dedos no caminho. A mudança acontece de dentro para fora e todas nós temos nosso lugar no mundo e somos mais que merecedoras de uma boa posição na sociedade.

Carlota Guerrero/Divulgação

Carlota Guerrero/Divulgação

Obras visuais

A Seat at the Table conta com um livro digital de 112 páginas, contendo todas as letras das músicas – e mais que isso: o livro é uma arte a parte por sua diagramação diferenciada e poética. Ele pode ser acessado pelo site da Solange, clicando na pasta “book”.

Falando em site, ele foi todo reformulado para não cair na mesmice de sites de artistas, e também porque faz parte da nova identidade da cantora – simples e intimista. A cada vez que você entrar nele, novas fotos aparecerão em janelas, como se fosse a área de trabalho dela mesma. Visite: solangemusic.com.

Além disso, o andamento da produção do álbum foi capturado em vídeo e editado como um documentário de 11 minutos. Beggining Stages foi disponibilizado no YouTube e Solange o classifica como “uma olhada nos primeiros dias de improvisação, experimentação e exploração de novos sons e ideias para o álbum

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Singles

O primeiro single, “Cranes in the Sky”, foi escrito em 2008, porém só foi lançado em 5 de outubro de 2016, junto com o videoclipe que Solange editou pessoalmente. “Don’t Touch my Hair” será a próxima música de trabalho, já com videoclipe lançado.

Mais sobre A Seat at the Table

  • Algumas faixas têm participações especiais, como a do rapper Lil Wayne, do produtor Sampha e da ex-Destiny’s Child Kelly Rowland.
  • As faixas-prelúdio contam com mensagens de pessoas próximas à Solange, como sua mãe e seu pai, Tina Lawson e Mathew Knowles.
  • É o primeiro album de Solange a se tornar o mais vendido nos EUA. Vendeu 46 mil cópias e foi escutado por 24 mil pessoas via streaming, na semana de lançamento.
  • As irmãs Knowles, Solange e Beyoncé, são as primeiras irmãs a conquistar o primeiro lugar nas paradas americanas.

Ouça agora

O álbum foi lançado pelo selo Saint Records (do qual Solange é dona), da gravadora Columbia Records, e já está disponível em streaming no Tidal e Spotify e nas lojas de download digital. A pré-venda está disponível em CD (com lançamento previsto para 18 de novembro), em LP comum e na versão especial, em roxo (9 de dezembro).

Você já tinha ouvido falar sobre Solange Knowles? Conta nos comentários o que achou do álbum novo!

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2 Comentários

  • Rafaella
    outubro 20, 2016

    Deve ser difícil ser irma da Bey né!!!? As pessoas sempre vão fazer comparações. Mas gostei do som, ela tem uma voz linda!
    Bjuus

    • Francine C. Silva
      outubro 23, 2016

      Oi, Rafa! É uma pena mesmo que ainda façam comparações entre a Sol e a Bey, sendo que são artistas com talentos que se diferenciam, apesar de tratarem dos mesmos assuntos.
      Fico feliz que tenha gostado!

      Beijos e obrigada pela visita,
      Fran

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