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25 nov, 2016

Uma resenha sobre Forrest Gump, ou algo assim

No dia em que a Aleph anunciou o lançamento da Edição Comemorativa de 30 anos de Forrest Gump, eu tava lá. E deixa eu te dizer uma coisa: eu surtei, tremi e chorei de emoção. E todas as pessoas que estavam lá também choraram, e se abraçaram e subiram no palco para abraçar o Adriano Fromer e o Daniel Lameira enquanto uma banda entrava na sala tocando folk. Então começamos a dançar, e dançamos durante o dia todo, sorrindo e festejando esse belíssimo anúncio. Teve comida também, é importante dizer.

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Mas, peraí, o filme Forrest Gump, aquele com o Tom Hanks, lançado em 1994, vencedor de 6 Oscars, que tem uma das frases tão ou mais grudentas que a música Carla, do LS Jack (“Corra, Carla, corra!”, ou algo assim) é baseado em um livro? Pois é. E muita gente simplesmente não sabia disso – eu, inclusive. E, logo que fiquei sabendo, minha curiosidade e minhas expectativas foram lá pra cima, como não poderia deixar de ser, afinal, se o filme é tão bom, imagina o livro, né?

Por sorte, embora existam diferenças enormes entre ambos, o livro é maravilhoso de diversas formas – a começar pelo trabalho da Aleph nessa edição.

No dia em que o e-mail do Pedro Inoue chegou, eu tava lá na editora, jogando uma partida de pingue-pongue contra o Daniel Lameira. Jogo disputado. Ele começou vencendo, mas eu consegui um empate depois que, numa de suas jogadas de efeito, a bola bateu na rede e caiu fora da mesa. Só que, a cada vez que um marcava, o outro ia buscar o ponto e, com isso, ninguém conseguia fazer uma diferença de dois pontos para ganhar o jogo. A partida já durava mais ou menos 5h quando a Bárbara Prince entrou na sala e disse que a capa e o projeto gráfico do livro haviam chegado.

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Subimos correndo, e, quando chegamos, todo mundo estava em volta da tela do computador da Andréa Bergamaschi, admirando a capa e a sobrecapa dupla, e o projeto gráfico com aquelas cores lindas e as aberturas de capítulos com diagramação diferenciada. Vou te dizer uma coisa: era algo lindo de se ver.

Ainda estávamos de boca aberta com tudo aquilo quando, logo em seguida, chegaram as ilustrações do Rafael Coutinho. Me lembro que o Lucas Alves até deu uma cambalhota no corredor de tão bonitas que ficaram. E se na tela do computador já estavam lindas, olhando agora o livro impresso, tenho a sensação de que cada uma delas salta da página, dando uma dimensão inesperada à história e complementando o projeto gráfico. Dessa forma, é possível que o leitor enxergue Forrest Gump de novas maneiras, além de poder olhar as cenas que foram ilustradas através de novas perspectivas – o que é bom, afinal passamos o livro inteiro enxergando o mundo de uma outra perspectiva: a perspectiva de um idiota.

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Quando penso em Forrest Gump, seja no filme ou seja no livro, é impossível não lembrar de outro livro: Peixe Grande, do Daniel Wallace (que também virou filme, pelas mãos de Tim Burton). Ambos trazem intrincados em sua narrativa uma das coisas mais legais do folclore americano: os Tall Tales (contos improváveis, em tradução livre).

Diferentemente de lendas, os Tall Tales são histórias exageradas, cheias de elementos inacreditáveis, mas que são narrados como se fossem verdadeiros, como se fossem fatos. Aquelas típicas histórias de pescador, entende o que eu quero dizer? E é dessa maneira que Forrest Gump narra a história de sua vida ao leitor.

Mas tem um “porém”. Apesar das histórias de Forrest parecerem mentirosas ou exageradas, através delas é possível enxergar as várias críticas do autor Winston Groom à sociedade americana e a diversos assuntos que ainda são bem atuais – como o preconceito racial, por exemplo. E, além disso, através de uma subversão e de uma mudança de perspectiva do arquétipo do idiota/pícaro, Forrest Gump nos faz entender que nem sempre alguém que faz e/ou quer fazer a coisa certa é um idiota, e que nem sempre se leva vantagem em cima daquele que parece ser menos inteligente que você. Como contam outros livros, que o próprio Forrest cita durante sua narrativa, e como contam lendas e fábulas antigas, às vezes o idiota é aquele que se acha o mais esperto.

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Mas deixa eu te dizer uma coisa: no dia do “lançamento exclusivo” do livro Forrest Gump, eu tava lá. Foi durante a 2ª Feira Intergaláctica, que aconteceu na Aleph. A Luciana Fracchetta me disse que os exemplares que estavam lá eram de uma pequena tiragem feita apenas para os visitantes da feira. Todos os livros dessa tiragem têm alguma numeração na capa, e valerão um bom dinheiro daqui 30 ou 40 anos, ou algo assim. De qualquer forma, o livro já está disponível nas livrarias e e-commerces, então já dá pra garantir o seu.

E se ainda resta alguma dúvida, apesar das quase 400 páginas, Forrest Gump é um livro muito gostoso e rápido de ler. E além das ótimas reflexões, tem um dos melhores – e mais fedidos – clímaxes da galáxia!

É um livro que nos ensina que é possível ser feliz fazendo a coisa certa, que é possível ser feliz sonhando, que é possível ser feliz trazendo a realidade para seus sonhos e seus sonhos para a realidade, que é possível ser feliz mesmo que todos achem você um idiota, que é possível ser feliz tendo uma vida simples – e que é possível transformá-la em algo extraordinário –, e é um livro que, por fim, nos ensina que é possível ser feliz mesmo que todas as suas histórias e toda a sua vida pareçam inacreditáveis.

Entende o que eu quero dizer?

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O Convidado Outtamind de hoje foi o Lucas Benetti: escritor, roteirista e narrador de histórias certificado pela Prefeitura de SP. Foi um dos vencedores do Prêmio Off Flip de Literatura (categoria infantojuvenil), teve um conto no topo da lista de e-books mais vendidos da Amazon e lançou, em 2014, um projeto inédito de uma websérie onde blogueiros, vlogueiros e autores faziam a leitura de uma de suas histórias. Além disso, já teve um blog onde escrevia contos baseados em letras de músicas; trabalhou como roteirista para uma série animada – contemplada num edital da Secretaria de Cultura de SP; uma de suas histórias foi escolhida como o melhor conto de Natal do site Fanfic Addiction; publicou um conto no portal Cooltural; e teve um roteiro publicado na 2ª edição do Gibi Quântico, vencedor do Prêmio HQ Mix. Nas horas vagas, trabalha com marketing editorial e de conteúdo. | Acesse: lucasbenetti.com

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