Posts arquivados em Autor: Vanessa Barreto

17 maio, 2016

Tercinha da resenha: “Sr. Daniels”, por Brittainy C. Cherry

Mais uma resenha nesta terça, um friozinho, um chá e um livro pra acompanhar: um belo cenário, digamos. E eu trouxe hoje Sr. Daniels, gostei bastante do contexto da história, apesar da autora ser nova no ramo, ela soube trabalhar muito bem a dramática contida no livro.

Sr. Daniels
Sinopse:
Depois de perder a irmã gêmea para a leucemia, Ashlyn Jennings vê sua vida mudar completamente. Além de ter de aprender a conviver sem parte de si mesma, ela precisa se adaptar a uma nova rotina. Enviada pela mãe para a casa do pai, com quem mal conviveu até então, ela viaja de trem para Edgewood, Wisconsin, carregando poucos pertences, muitas lembranças e uma caixa misteriosa deixada pela irmã. Na estação de trem Ashlyn conhece o músico Daniel, um rapaz lindo e gentil, e a atração é imediata. Os dois compartilham não só o amor pela música e por William Shakespeare mas também a dor provocada por perdas irreparáveis. Ao sentir-se esperançosa quanto a sua nova vida, Ashlyn começa o ano letivo na escola onde o pai é diretor. E não consegue acreditar quando descobre, no primeiro dia de aula, que Daniel, o belo músico de olhos azuis com quem já está completamente envolvida, é o Sr. Daniels, seu professor de inglês. Desorientados, eles precisam manter seu amor em segredo, e são forçados a se ver como dois desconhecidos na escola. E, como se isso já não fosse difícil o bastante, eles ainda precisam tentar de todas as formas superar os antigos problemas e sobreviver a novos e inesperados conflitos.

Ashlyn havia perdido o sentido de viver juntamente com a morte de sua irmã gêmea, Gabby. Ela perde a graça em tudo, nas pequenas coisas, ainda mais durante o velório de sua irmã, ao se deparar com o seu paique nunca estava presente, até porque ele havia formado uma nova família. Sua mãe que desde que descobriu a Leucemia de sua outra filha, havia se distanciado e tendo uma relação bastante conturbada.

Mas Gabby, mesmo morta, deixou uma lista de coisas para Ashlyn fazer, e para cada item da lista, havia uma carta escrita. Mesmo diante disso Ashlyn é obrigada a ir morar com seu pai, com que não tinha nenhum tipo de vínculo. Tendo que se desfazer de tudo o que conhecia até então, ela é mandada para casa do pai com quem não tinha nenhum laço.

Durante a viagem de trem que a levaria para longe, ela conhece um rapaz de belos olhos azuis e que toca seu coração ferido de uma maneira surreal. Ela não sabe porque, mas algo a conduz a ele mesmo quando tudo o que ela tem vontade de fazer é chorar desesperadamente.

Tudo fica ainda mais conturbado, um pai sem saber como lidar com a situação, sua madrasta tentando ser um nível de perfeição, mas uma grata surpresa ela recebe, seus novos “irmãos” são pessoas muito melhores do que ela havia pensado. Enquanto ainda esperava seu pai buscá-la na estação, o belo homem de olhos azuis a convida para escutá-lo tocar em um clube da cidade. Ashlyn vai ao seu encontro, Daniel Daniels, esse era o nome dele. O mesmo cara que a encantou com a sua música e sua paixão por Shakspeare, seria o seu professor de Inglês.

Sem saber como lidar com essa nova informação, ela tem que aprender a lidar com os seus sentimentos pelo Sr. Daniels ao mesmo tempo em que precisa encontrar uma maneira de superar a falta de sua irmã.

Narrativa na perspectiva tanto de Ashlyn quanto de Daniel, o livro mostra como ambos lidam com suas cargas e dores. Ambos sabem que um pertencem um ao outro, mesmo tentando manterem distância devido ao emprego de Daniel estar em risco se alguém descobrisse o relacionamento deles. Além disso, Ashlyn vai construíndo uma relação com os filhos de sua madrasta, a ponto de serem inseparáveis. Todos de alguma forma, ajudam ela a completar um item da lista.

Gostei de como a autora não focou apenas no drama professor e aluna da relação entre Ashlyn e Daniel, como também sua relação com o pai, que foi construída aos poucos e sua relação com seus novos “irmãos” e os conflitos de cada um, além de temas como homossexualidade, drogas, bullying e impunidade.

Para mim, o ponto mais forte do livro é com a morte de um dos personagens, Ryan, filho de sua madrasta. Após anunciar a mãe que era Gay, e ela não lidar muito bem
com a situação e o acusá-lo de ser responsável pela morte de seu pai. Ryan, pega as drogas que estavam na mochila do irmão de Daniel, e acaba perdendo o controle da direção e morrendo. Neste ápice, não tem que não se segure, o abalo dos personagens é tão forte, que se deixa uma interrogação a partir dali: Como seria a vida de todos sem Gabby?

Sr. Daniel mostra as inseguranças de adolescentes, as descobertas dos prazeres, o enfrentamento da dor, as novas amizades, o nascimento e fortificação de um vínculo amoroso intenso, e que faz com que todos se sintam cativados e apaixonados por esse livro.

A autora Brittainy conseguiu inserir em um personagem masculino, toda a delicadeza e personalidade marcante que ele merece, e a personagem feminina, a garra e determinação que toda mulher possui dentro de si. Só teve algo que não lidei muito bem, que foi o excesso de drama em determinadas partes, mas nada que tire o brilho desse livro.

“Lembre sempre do nosso primeiro olhar, e seu coração vai saber que sou o bastante” – Sr. Daniels

Portanto, minha nota pra esse livro é 4.

Até semana que vem.

19 abr, 2016

“Sense8”, série original da Netflix

Olá, pessoas! Mais uma resenha nessa linda terça-feira! Convenhamos que o feriado veio dos céus! Enfim, hoje resolvi diversificar. Não irei falar de livros, mas sim de uma série que comecei a assistir e fiquei apaixonada!

Trago hoje pra vocês sobre Sense8, produzida pela Netflix.

Divulgação.

Divulgação.

De início fiquei meio receosa. Aquele pré-julgamento que todo mundo tem.
Mas Sense8 liga a vida de 8 pessoas:

Will que é policial e vive em Chicago.

Riley, uma DJ nascida na Islândia que mora no Reino Unido.

Caphebeus, motorista de van em Nairobi na África, trabalha para conseguir comprar os remédio de sua mãe, que é portadora de HIV.

Sun, uma coreana, economista e filha de um magnata, seu hobbie é praticar kickboxing.

Lito, ele é ator, gay, e vive na Cidade do México com seu namorado.

Kala, ela é farmacêutica, hindu e Indiana. Fervorosa na fé, busca uma solução para se casar com o homem que não ama.

Nomi, que é transexual lésbica, hacker e vive em São Francisco com a namorada.

Wolfgang, um serralheiro, mas um exímio arrombador de cofres que vive com seu melhor amigo em Berlin, Alemanha.

Tudo começa com uma loira misteriosa cometendo suicídio, em um colchão sujo, aparece um médico estranho de cabelo branco de um lado, e o namorado dela do outro. Para escapar do controle mental do médico e salvar o grupo dos 8 que acabaram de “nascer”, ela enfia uma arma na boca e se mata. Após isso, os personagens começam a se ligarem uns aos outros. A princípio, não entendem como funciona, mas no decorrer do tempo aprendem a usar melhor seu dom.

No começo os 8 não se conhecem, porém compartilham as mesmas emoções e aos poucos, vão criando ligações e aprendem a se comunicarem. As pessoas ao redor, até estranham por vezes, por eles aparerecem conversando sozinhos, em um certo episódio, até beijo compartilhado, para quem está de fora, pensa que é indício de loucura.

Divulgação.

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Em um episódio achei bastante interessante a forma como uma simples música mostra a ligação deles: Riley sentada na rua, coloca música com fone de ouvido, os outros sensate começam a escutar a música na cabeça; começa a música no karaokê do Wolfgang; Lito deitado na cama com Hernando e Daniela; Capheus dirige; Sun toma banho; todos começam a cantar com a música; Will procura por Nomi no computador e canta; Nomi deitada na maca cantando; Kala se projeta para perto de Wolfgang no karaokê, ele se projeta no quarto dela e cantam juntos; Nomi no táxi se projeta para perto de Riley e elas começam a cantar.

Esse médico “do mal” que aparece no primeiro episódio quer destruir as pessoas que nascem com esse fator, e para isso, manipula a família dos dotados e impõe que eles possuem uma doença rara no cérebro e que precisariam operar, mas todos que são operados entram em estado vegetativo.

Nome, diagnosticada pelo tal médico, é primeira a incorporar um dos integrantes do grupo e se salvar, mas continua vivendo em constante perigo. Ela chega a conhecer um homem que foi operado por ele, e fica assustada com seu estado vegetativo.

A relação de cada um deles vai se desenvolvendo, e mostrando a realidade nua e crua. O que fazem para sobreviver, e as experiências compartilhadas. Todos os personagens possuem características bem próprias.

Sense8 conquistou uma legião de fãs pela forma como retrata a realidade de cada um, seus dramas e seus instintos de sobrevivência. A série vai criando dimensões e traços em seus 12 episódios com duração em média de 50 minutos cada. Por enquanto temos somente a primeira temporada, mas a segunda já está a caminho.

Divulgação.

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Não saberia escolher apenas um personagem para gostar mais do que os demais, mas em questão de identificação, Sun com toda certeza seria uma personificação de algo que guardamos de irônico por dentro. Me encontrei nela, em sua força, sua predestinação e, claro, sua ironia, o que a tornam uma personagem sensacional. E Caphebeus, a forma como ele cuida de sua mãe e busca de todas as formas prolongar sua vida e diminuir seu sofrimento, trabalhando dia após dia na van, o torna outro personagem cativante.

Recomendo muito a vocês que assistam e me contem o que acharam da série.

Até a próxima!

12 abr, 2016

Tercinha da resenha: “A insustentável leveza do ser”, por Milan Kundera

Hey, terça-feira! Como é rotineiro, vamos a mais uma resenha!

Hoje eu trago para vocês o livro de Milan Kundera: A insustentável leveza do ser.

Fiquei apaixonada pelo livro, além de ter uma história fascinante, e que nos tira de nossas barreiras psíquicas.

A insustentável leveza do ser

Sinopse: História de quatro adultos capazes de quase tudo para vivenciar o erotismo que desejam para si. Como limites fortes, encontram um tempo histórico politicamente opressivo e o caráter enigmático da existência humana. Lançado em 1982. Sobre este romance, Italo Calvino escreveu: ´O peso da vida, para Kundera, está em toda forma de opressão. O romance nos mostra como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba bem cedo se revelando de um peso insustentável. Apenas, talvez, a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam à condenação — as qualidades de que se compõe o romance e que pertencem a um universo que não é mais aquele do viver´ (Seis propostas para o próximo milênio). O livro, de 1982, tem quatro protagonistas: Tereza e Tomas, Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.

Bom, primeiramente o que mais me chamou atenção foi no enredo da história. O livro faz uma reflexão sobre a existência humana, e o trata como um enigma que requer a decifração.

A Insustentável Leveza do Ser é um clássico; publicado em 1984 pelo tcheco Milan Kundera, a obra combina temas como política, filosofia e relacionamentos amorosos, o que por si só já é um feito. Além disso, foi um sucesso de público e chegou a ser convertido para os cinemas.

A história se passe em Praga (atual República Checa) e em Zurique (Suíça), no ano de 1968. Atravessa por algumas décadas de forma atemporal para mostrar os altos e baixos, descobertas e outras coisas sobre os quatro protagonistas: Tomás, Teresa, Sabina e Franz.

De alguma forma, suas vidas estão entrelaçadas e em um determinado momento suas histórias se cruzam. O livro traz como plano de fundo a Primavera de Praga, período de liberalização política na Tchecoslováquia que era dominada pela União Soviética após a Segunda Guerra Mundial.

Teresa por exemplo repudia algumas atitudes de sua mãe, até perceber que está se tornando parecida com ela; Sabina guarda consigo um chapéu-coco que fora de seu avô, o objeto ilustra a forma com que ela está ligada, diria até presa, ao passado por um vínculo genealógico, que nem ela mesma sabe explicar…

Tomas leva uma vida pautada pelo desapego, suas aventuras sexuais ilustram bem a leveza sobre a qual o autor pondera, porém uma série de acontecimentos o leva a uma situação em que ele se deixa ser esmagado contra o chão pelo fardo que passa a carregar, a partir de então é a leveza que se torna seu fardo, ele deixa de flutuar acima dos acontecimentos e experimenta o que seria de fato a vida real, esta pautada por uma existência cheia de dúvidas e dilemas com os quais ele não sabe lidar.

O livro relatada bem em seus pilares um diálogo sobre o significado da vida, a existência humana carregaria ao mesmo tempo leveza (por acontecer apenas uma vez, não há como saber se outra decisão ou caminho teria sido melhor) e peso, já que toda decisão ou escolha é definitiva e não pode ser tomada novamente. Um conceito complexo, mas que se desenrola claramente nas páginas do livro.

O autor possui uma linguagem nua e crua, seus desencadeamentos ao longo da história sob a perspectiva de cada personagem, nos faz crer que tais acontecimentos estão de frente aos nossos olhos.

“Os personagens de meu romance são minhas próprias possibilidades que não foram realizadas. É o que me faz amá-los, todos, e ao mesmo tempo a todos temer. Uns e outros atravessaram uma fronteira que eles atravessaram (fronteira além da qual termina o meu eu). E é somente do outro lado que começa o mistério que o romance interroga. O romance não é uma confissão do autor, mas uma exploração do que é a vida humana na armadilha que se tornou o mundo…”

O livro é um encontro com emoções, pensamentos amorosos-filosóficos, além de ser uma obra-prima que merece ser lida e apreciada por todos. Uma coisa é certa, depois de ler esse livro, sua mente nunca mais será a mesma.

Até semana que vem!

 

05 abr, 2016

Tercinha da resenha: “Vingança”, de Catherine Doyle

Mais uma terça-feira de resenha. Hoje eu trago o livro da Catherine Doyle, Vingança (Vendetta). Essa jovem escritora irlandesa conseguiu surpreender e muito com sua escrita detalhada e bem desenvolvida. Além de construir um legado de fãs que só aumentam no seguimento da trilogia.

Título: Vingança
Série: Blood for Blood, vol. 1
Autor: Catherine Doyle
Editora: Agir Now
Páginas: 288
Compre: Fìsico: Amazon, Cultura, Saraiva | Digital: Kindle, Kobo, Lev
Adicione à sua estante: Skoob | Goodreads

Sinopse: Para Sophie, aquele seria só mais um verão lento e abafado em Cedar Hill, fazendo um bico como garçonete no restaurante da família e passando o tempo com sua melhor amiga, Millie. Mas isso foi só até uma família se mudar para o casarão abandonado no fim da rua — cinco irmãos italianos, um mais gato que o anterior. Sem conseguir resistir aos olhos cor de caramelo de Nicoli, Sophie acaba se apaixonando — e propositalmente ignorando os sinais de perigo que envolvem os misteriosos irmãos. Por que as mãos de Nic estão sempre tão machucadas? Por que ele sempre carrega consigo um canivete monogramado? E por que seu irmão mais velho, o arrogante e irritante Luca, quer proibir os dois de ficarem juntos? Quando os segredos sombrios dos rapazes começam a vir à tona, Sophie precisa enfrentar dolorosas verdades em relação à própria família. De repente, ela se vê no meio de uma vendeta entre duas dinastias rivais: a família em que nasceu e a pela qual se apaixonou. Sophie vai precisar escolher entre lealdade e paixão, e, quando o fizer, sangue vai rolar e corações serão partidos, porque, quando se trata de amor, a desonra pode ser uma questão de vida ou morte. Uma mistura ideal de ação, reviravoltas e romance, Vendeta é uma estreia épica que mistura Romeu e Julieta e O poderoso chefão na Chicago dos dias atuais.

O livro que é narrado em primeira pessoa, conta a história de Sophie ou Persephone, que tem 16 anos e vive em Cedar Hill. Seu passado não é um dos melhores, cheio de drama e bastante conturbado. Mais isso não impede a garota de ter seus próprios desejos, e acreditar em seus sonhos. Sophie possui poucos amigos, sua vida de forma pacata é dividida entre ajudar no restaurante de sua família e ficar na companhia de Millie, sua única e melhor amiga.

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Por onde passar, Sophie é alvo de fofocas e caras viradas, devido ao acontecido com seu pai. Ele fora preso, e desde então, todos ao seu redor acabaram pagando por isso, principalmente Sophie. Mas em um dia, chegam à cidade cinco misteriosos garotos de origem italiana, da mesma família, que acabaram se mudando para uma mansão no fim da rua da garota. Sophie se envolve com Nicoli ou Nic, mesmo sua cabeça a alertando de que havia algo errado e perigoso, mas ela não consegue se afastar de Nic. Todos os irmãos guardam segredos. Luca, que é um dos irmãos de Nic, arrogante como ele só, tenta impedir o envolvimento de Nic e Sophie de todos os modos possíveis.

O livro é cheio de mistérios, assim como seus personagens, e o mais incrível é que o livro não cai na monotonia, muito pelo contrário, a trama é envolvente do início ao fim, e o final então nem se fala, é emocionante. O suspense crescente, acontecimentos bombásticos, e a entrada de novos personagens só deixa o livro mais eletrizante ainda.

A autora trabalhou muito bem o destino de cada personagem e o desenrolar da trama. Ela deixa o fio da meada para o próximo livro. Sophie pouco a pouco vai descobrindo os mistérios que os envolvem, e em certos momentos o romance dos dois acaba virando um Romeu e Julieta do século XXI.

Eu como qualquer leitor de Vingança, estamos curiosos pra saber como será o próximo livro, e o que esperar de Catherine Doyle. Sem contar que o gancho deixado por ela para o próximo livro, só aumentou a ansiedade pelo novo. Recomendo e muito lerem esse livro. Vocês irão adorar!

Até a próxima!

22 mar, 2016

Tercinha da resenha: “O Filho do Hamas”, por Mosab Hassan Yousef

O livro que eu escolhi hoje tem um conteúdo um pouco diferente dos demais livros citados por mim.
Ele foi lançado há bastante tempo, mas só fui ter conhecimento dele ano passado, exatamente 1 ano atrás: O Filho do Hamas.

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Título: Filho do Hamas
Autor: Mosab Hassan Yousef
Editora: Sextante / Gmt
Páginas: 288
Compre: Físico: Amazon, Cultura, Saraiva | Digital: Kindle, Kobo, Lev
Adicione à sua estante: Skoob | Goodreads

Sinopse:

Desde a infância, Mosab Hassan Yousef viveu nos bastidores do grupo fundamentalista islâmico Hamas e testemunhou as manobras políticas e militares que contribuíram para acirrar a sangrenta disputa no Oriente Médio. Por ser filho mais velho de um dos fundadores da organização, todos acreditavam que ele seguiria os passos do pai.

O livro é o relato impressionante do caminho inesperado que o autor resolve seguir ao questionar o sentido de um conflito que só traz sofrimento para inocentes, sejam eles palestinos ou israelenses. Esta é também uma história de transformação pessoal, uma jornada de redescoberta espiritual que começa com a participação de Mosab num grupo de estudos biblícos e culmina na sua conversão ao cristianismo e na crença de que “amar seus inimigos” é o único caminho para a paz no Oriente Médio.

Mosab Hassan Yousef é o filho mais velho do xeique, líder religioso muçulmano, Hassan Yousef, um dos fundadores do Hamas organização palestina que luta contra Israel. Digamos que esse livro caiu de paraquedas em minhas mãos. Estava estudando Economia Política na grade da faculdade, mas ao passar pela prateleira, vi um livro de capa preta, com um rosto, verde sob os olhos e vermelho sob a boca, intitulado O Filho do Hamas.

Desde o ensino fundamental que me falam muito sobre os conflitos no Oriente Médio. Por curiosidade resolvi ler o livro. E não me arrependi. Demorei 2 dias pra finalizar. Levava pra faculdade e lia, passava horas antes de dormir lendo. Eu e minha amiga, as duas lendo o mesmo livro e trocando informações e pesquisando a fundo, intrigada com o enredo que ele traz.

A narrativa desse livro é tão impressionante que, a cada relato, eu me imaginava junto dele nas variadas situações que ele se encontrava. Entender a mente de uma criança, atrofiada numa guerra, sem escrúpulo algum, aprendendo desde pequeno a engolir certos valores que foram passados de pai para filho, e seguindo sua religião fielmente, sem pontos e nem vírgulas. Isso foi o que Mosab passou.

A disputa entre judeus e palestinos é antiga, mas ter relatos de alguém que conviveu com isso desde que nasceu, te dá uma outra perspectiva. E sinceramente, em algumas passagens chega a ser revoltante. Ele nasceu em Ramallahm, Cisjordânia. Assim como seu pai admirava seu avó, Mosab seguia todos os passos de seu pai. Indo todos os dias com seu pai na Mesquita. Achava-o um homem justo, amoroso e determinado, desejando ser como ele.

Visando não permitir que palestinos cruzassem as fronteiras, israelenses os oprimiam, prendendo e perseguindo líderes religiosos que incentivavam organizações como o Hamas. Medo e ódio era o que se sentia pelas ruas da Cisjordânia e Gaza, reflexo desta disputa desenfreada. Como forma de defesa, crianças e outros civis atiravam pedras nos soldados israelenses quando passavam pelos seus ônibus, tanques e carros, dentre eles, Mosab.

Os mais experientes e influentes planejavam ataques terroristas e outras manobras prejudiciais à Israel. Apesar de nunca completamente ligado a esses ataques, dentro desse último grupo temos o pai de Mosab. O pai de Mosab foi preso inúmeras vezes, por ser um dos líderes que incentivavam o Hamas. Em uma dessas prisões, todo viraram as costas para sua família, Mosab e sua mãe tiveram que enfrentar sozinhos dificuldades financeiras, arrumando formas de sustentar a eles e seus irmãos, mas quando seu pai retornava era motivo de festa.

Mosab foi alimentando seu ódio por Israel e todos os judeus, o ponto alto deste ódio é quando prestes a se formar na escola e a completar 18 anos, comprando armas para se defender dos israelenses. Mosab é descoberto, os soldados de Israel o capturam e levam para a prisão, onde é torturado. Ouvindo a mesma sinfonia, por muitas vezes ficando noites sem dormir, sentado em uma cadeira que mal comportava seu corpo.

Mas, um interrogador propõe que ele se torne um colaborador, uma pessoa influente no meio dos terroristas e revolucionários que, secretamente, passa todas as informações que conseguir para o Shin Bet, serviço de inteligência interno de Israel.

“Ao contar minha história, a maior esperança que tenho é mostrar ao meu povo – os palestinos seguidores do Isla, que têm sido usados por regimes corruptos há centenas de anos – que a verdade pode libertá-los. Também faço esse relato para permitir que o povo israelense saiba que há esperança. Se eu, o filho de um dos líderes de uma organização terrorista cujo objetivo é a extinção de Israel, pude chegar a um ponto no qual não apenas aprendi a amar o povo judeu como também arrisquei minha vida por ele, é porque existe um sinal de esperança.”

Mosab se vê entre os valores que aprendeu desde pequeno, o ódio por Israel e o medo de perder a vida. Neste momento do livro, ele diz sim, se tornando um colaborador. Tendo agora uma vida dupla, o certo não é mais certo, e as incertezas regem sua trajetória. Dentre uma das viagens feitas por ele, Mosab descobre o cristianismo, a Bíblia e Jesus.

Mosab agora fica dividido entre sua família, sua Nação, duas religiões, a sua honra, que até então começa a ser questionada. E de forma alguma podendo levantar suspeitas de sua nova identidade, se descobrisse, ele morreria. Mosab começa a refletir sobre quem são seus verdadeiros inimigos, seu verdadeiro Deus e, principalmente, qual a verdadeira solução para o conflito entre palestinos e israelenses.

Os relatos são emocionantes; cada prisão que ele passa, cada situação que ele enfrenta, nos faz perceber o quão frágeis e indefesos somos, o quanto a vida vale para que permaneçamos numa guerra sangrenta e que, no fim, somente os poderosos irão se sobressair disso tudo. Vemos o quanto pessoas inocentes sofrem e acabam pagando por algo inerente a elas.

Se eu posso tirar uma conclusão desse livro, é que, como seres humanos, somos falhos, porém também somos cruéis, na medida em que a situação exige que sejamos.

Não deixem de ler o livro, vale muitíssimo a pena.

Até a próxima!

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