09 maio, 2016

Resenha: “O Gigante Enterrado”, Kazuo Ishiguro

Há algum tempo queria ler este livro pelo visual dele — foi amor à primeira vista na livraria –, porém pensei ser uma leitura meio complexa e, como eu precisava ler coisas rápidas, deixei para depois. Ontem terminei de lê-lo, 2/3 no físico e 1/3 no Kobo, por começar a dobrar demais a lombada e eu ficar com dó do material e acabamento.

Hoje vim resenhar para vocês “O Gigante Enterrado”, de Kazuo Ishiguro.

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Título: O Gigante Enterrado (The Buried Giant)
Autor: Kazuo Ishiguro
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 400
Compre: Físico: Amazon, Cultura, Saraiva | Digital: Kindle, Kobo, Lev
Adicione à sua estante: Skoob | Goodreads

Sinopse: Uma terra marcada por guerras recentes e amaldiçoada por uma misteriosa névoa do esquecimento. Uma população desnorteada diante de ameaças múltiplas. Um casal que parte numa jornada em busca do filho e no caminho terá seu amor posto à prova – será nosso sentimento forte o bastante quando já não há reminiscências da história que nos une?
Épico arturiano, o primeiro romance de Kazuo Ishiguro em uma década envereda pela fantasia e se aproxima do universo de George R. R. Martin e Tolkien, comprovando a capacidade do autor de se reinventar a cada obra. Entre a aventura fantástica e o lirismo, O gigante enterrado fala de alguns dos temas mais caros à humanidade: o amor, a guerra e a memória.

“Ishiguro é um dos maiores romancistas vivos da Inglaterra.” — The Telegraph
“A obra mais estranha, arriscada e ambiciosa que o autor publicou em sua carreira de 33 anos.” — The New York Times
“Ishiguro trabalha seu material fantástico com as ferramentas de um
mestre do realismo.” — Time Magazine

Comecei há ler o Gigante há quase dois meses e, realmente, é uma leitura bem complexa e até um pouco pesada, por toda a simbologia e metáfora que o envolve.


[Alerta de possíveis spoilers]

A princípio achei meio confuso, mesmo na apresentação dos personagens e ambiente. A narrativa começa com Axl se lembrando de fatos e causos distintos, enquanto espera a esposa, Beatrice, acordar, para dizer a ela que quer finalmente visitar seu filho. Os dois formam um casal de idosos que vive em uma aldeia tomada pela “névoa esquecimento”, contrariando a discussão de que acabamos esquecendo de coisas básicas, como apagar a chama de uma vela antes de dormir, conforme envelhecemos — neste caso, os dois são obrigados a viver sem iluminação à noite por conta de um incidente que a aldeia toda condena.

Durante sua caminhada de dois dias e meio à aldeia de seu filho, que os esperam ansiosamente, segundo o que eles repetem a todo tempo, eles se deparam com alguns personagens cruciais para o desenvolvimento da jornada: Wistan, o guerreiro saxão; Edwin, o garoto saxão; e Gawain, cavaleiro bretão de Arthur; e a narrativa toma forma como se alguém estivesse viajando a pé ao seu lado, contando uma história que o faça analisar o objetivo de sensações e sentimentos que temos que enfrentar todos os dias. Outros personagens aparecem no decorrer da história, além da odiada dragoa Querig.

Ishiguro nos escreveu este romance, em forma de uma incrível obra de arte, trazendo a discussão de que coisas do passado podem muito bem ficarem esquecidas, se não são cruciais para seu convívio e desenvolvimento como pessoa, transpassando em seus personagens questionamentos profundos como vida, amor, preconceito étnico, intolerância religiosa, rancor, amizade, traição e morte.

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A ilustração é de Pedro de Kastro e a capa é de Alceu Chiesorin Nunes, ambos brasileiros. E, olha só, foi exportada para a gringa! <3 Também tem um acabamento incrível, com hot stamping e cores em pantone, inclusive nas folhas.

 

Kazuo Ishiguro (Divulgação/Companhia das Letras)

Kazuo Ishiguro (Divulgação/Companhia das Letras)

Nasceu em Nagasaki, no Japão, em 1954, e mudou-se para a Inglaterra aos cinco anos. É autor de sete livros, entre eles Resíduos do dia, vencedor do Booker Prize, e Não me abandone jamais, ambos com aclamadas adaptações para o cinema.


Nota: 5/5

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1 Comentário

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